Num árido e abrupto vale, habitado apenas pelo rumor longínquo do rio lutando para conseguir passar entre as estreitas fragas, uma voz disse-me que só estamos aqui de passagem, que a nossa estadia na terra é temporária. Sentado nas pedras, aprendi que essa voz, atravessando aquela solidão arcaisca e silenciosa, era o próprio rio, imparável.
«O perfume das buganvílias», Entre o Céu e a Terra (2012)
Nota - «O perfume das buganvílias» compõem com «A história da minha vida» o díptico deste livro, um dos mais belos que se publicaram na nossa língua.
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